A exemplo do princípio que caracterizou o aparecimento das Misericórdias em Portugal, há mais de 500 anos, a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Paredes nasceu da necessidade de, num meio rural e pobre, realizar na plenitude as obras espirituais e corporais de misericórdia, entretanto redefinidas para um campo mais assistencial, com a criação dos hospitais e dos antigos asilos. E mesmo depois de passado o período conturbado da implantação e consolidação do regime democrático, a partir do qual o Estado pretendeu substituir as Misericórdias na proteção social, estas souberam readaptar-se, mantendo o mesmo espírito solidário na defesa de valores fundamentais como a dignidade da vida humana.
A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Paredes não fugiu a esta regra e hoje, tal como no passado, assumiu de corpo e alma a prossecução do seu fim principal: o de colocar ao dispor da comunidade a sua capacidade de ação, aceitando os seus reptos e procurando as respostas adequadas às suas múltiplas solicitações, encetando esforços e congregando vontades no sentido de combater o isolamento, o abandono, a exclusão social, a iliteracia e a incultura de jovens e velhos. Vivemos uma época de enorme desenvolvimento tecnológico e teremos de saber acompanhar esse progresso, aceitando e beneficiando dos desafios que ele nos coloca, criando uma relação mais próxima com todos os que, na voragem da vida moderna, ainda tenham vontade de lutar por salvaguardar os valores que distinguem o primado da vida humana, numa época de profunda inquietude e falta de referências éticas.
A Misericórdia será aquilo que os seus Irmãos, em conjunto, quiserem que seja, e é neste plano que iniciamos aqui uma nova etapa no relacionamento da instituição com eles e com a comunidade em geral, pois, estamos certos, os tempos continuarão difíceis e os desafios e as solicitações a que esta Casa será sujeita tenderão a aumentar. Contaremos, portanto, com o profissionalismo e o empenho de todos, que, dia a dia, respondem aos desafios com um grande espírito de entrega e dedicação.
Abre-se agora uma nova página na vida desta centenária instituição que tanto honra o seu passado, se moderniza no presente para melhor preparar o futuro. Empenhar-nos-emos na Ação Social, apostaremos na Educação, investiremos na Saúde, preservaremos a Cultura, reabilitaremos o Património, honrando sempre o legado que nos foi(é) deixado pelos provedores, mesários, membros dos restantes órgãos sociais, beneméritos, trabalhadores, voluntários, utentes e, acima de tudo, irmãos.
Saudamos os Irmãos da Santa Casa, saudamos os trabalhadores, saudamos os voluntários, mas saudamos particularmente aqueles que nos trouxeram até aqui: as nossas crianças, os nossos idosos, e todos aqueles que, por razões variadas, recorrem ao apoio e à competência desta Casa. É por eles que tentaremos fazer a diferença.
A Mesa Administrativa
